quarta-feira, 9 de julho de 2008

Em pleno século XXI, o racismo e o preconceito étnico, cultural ainda nos aborda fortemente, destruindo, dissolvendo culturas, fazendo-as desaparecer, se modificar ou as vezes de serem encaradas como algo negativo ou selvagem, ”incivilizado”.
O comportamento milenar de um povo, sua língua, seus costumes, sua expressão oral, suas crenças, seus mitos, sua religião quando arraigados, arrancados de dentro, como fora o caso do negro no Brasil, despidos de suas várias culturas, religiosidades, línguas e expressões, tendo de adquirir o costume do outro do dito homem branco europeu no seu conceito de superioridade.
Mesmo no processo de aculturação o negro não morre, não se deixa vencer, ele recria seus costumes de forma esplendorosa, a raiz do negro no Brasil, sua sobrevivência, gerando, e dando vida a forma afro-brasileira de ser, desta herança africana no Brasil, o samba, a feijoada, capoeira, carnaval, o candomblé etc.
Lembremos que todas estas heranças mencionadas, passaram por resistências como é o caso do samba que até os cinqüenta primeiros anos do século XX, era proibido, era lascivo, obsceno, a elite não o escutava era música de negros, de malandros, de pessoas de baixo nível social, a feijoada sendo elaborada com restos de partes de animais, como pé de porco, garganta de boi, era tida por senhores brancos como algo sujo, não podendo servir de alimento á pessoas civilizadas. A capoeira durante muito tempo vista como forma de luta agressiva, e proibida de ser praticada, era tida como lutas de negros e malandros. O candomblé não ficaria assim esquecido, condenado e proibido como magia negra, feitiçaria, seita de gente sem cultura e incivilizada, contra os princípios da Igreja Católica Apostólica Romana.
Ao abrir a porta de um vasto tema sem de modo algum esgota-lo nestas páginas todo o assunto, busca-se passar um olhar científico da religião afro-brasileira, sua má interpretação, o preconceito, a intolerância de outras religiões que as desrespeitam na mídia seja ela televisiva ou literária, e infelizmente, a um bom tempo também atingindo as salas de aula com a impossibilidade de se trabalhar com temas relacionados ao panteão africano, seus orixás, mitos, lendas, sincretismo, a ausência do folclore que cada vez mais vem desaparecendo, morrendo em nossas escolas, mesmo hoje com a aprovação da lei, de número 10.639 em que o governo federal sancionou em março de 2003 de incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e cultura afro-brasileira”, com certeza este será um dos pontos importantes de ligação do contexto deste trabalho que é a religiosidade afro-brasileira na história do negro no Brasil, sua formação.

“ E o povo negro entendeu
que o grande vencedor
se ergue além da dor
tudo chegou
Sobrevivente num navio
Quem descobriu o Brasil
Foi o negro que viu
A crueldade bem de frente
E ainda produziu milagres
De fé no extremo ocidente[1].”
.
Devemos nos despir de preconceitos, tabus, etnocentrismo moral e religioso para compreendermos o outro, a tradição que deve ser respeitada e mantida sagrada sem agressões e ataques. Lembremos: as religiões afro-brasileiras além do caminho religioso e social, percorre também caminhos políticos dos movimentos negros, o Candomblé, a Umbanda e todas as suas várias denominações regionais fazem parte de nossa história de nossa formação, da identidade étnica de nossa cultura, esta inserida dentro do nosso viver do nosso comportamento, é o caso do 31 de Dezembro das flores a Mãe Iemanjá, a Rainha do Mar nos litorais do Brasil, dos doces de 27 de Setembro de São Cosme e Damião, da festa de São Jorge sincretizado[2] no Rio de Janeiro pelo orixá Ogum, e de cultos a santos católicos não tão mas expostos aos alteres, por serem conciliados fortemente a religião afro-brasileira como o caso de Santa Barbara, São Jerônimo e São Lázaro, por estarem fortemente sincretizados como Iançã, Xângo e Omolu e muitas outras dentro do campo religioso.
Mergulhando nas religiões afro-brasileira, mais especificamente o Candomblé e a Umbanda, lembremos que desde o início das civilizações o homem busca o sentido do que se é sagrado. Sagrado seria Deus ? sua vida ? sua crença ? valores humanos ou família? mas certamente o sagrado nunca esteve ao alcance das mãos humanas, a necessidade de reverência é o fogo que mantém as brasas acessas dentro de nós, de cada um em particular. O sagrado é santo seja por uma condição religiosa, um local, uma pessoa, um santo, algo sacrossanto, inviolável, experiências que nem todos as consideram iguais, é como um sistema de valores arraigados que confirmem e dêem sentido a vida.
O homem do passado fez dos céus a morada dos Deuses e seres espirituais imateriais, nos tempos atuais com as viagens fora da terra o homem certamente vê que a morada dos Deuses está no universo infinito, uma dimensão inatingível ao homem de hoje, laços entre céu e terra elaborando mitos, uma comunhão com o sobrenatural, contatos de indivíduos com forças sobrenaturais, invisíveis, lugares de culto, rituais associado a vários Deuses. O temor, o medo faz nascer a reverência ao sagrado, fenômenos da natureza mostrando seu poder de criar e destruir, o homem em sua impotência perante estas forças se fascina e se apavora em respeito e culto, o sagrado dá sentido as coisas, o homem em comunhão com o sobrenatural se expandindo a todos os outros de sua sociedade.
Desde a pré-história a natureza demonstra mecanismos previsíveis, ao mesmo tempo os céus e a terra eram fonte de perplexidade e mistério, nascendo o sistema de crenças: “o animismo”[3], a natureza permitiu a sobrevivência do homem.
Num baú de mistérios tudo tinha alma, encontrava-se explicações para as coisas da vida, nasce os mitos que fornecera respostas ao homem em questões como de onde viemos? Para onde vamos? Como devemos levar nossas vidas? O primeiro mito a ser encontrado será o da própria natureza, o da “Deusa Mãe”[4], encontrada em todo o mundo principalmente nas primitivas comunidade pastorais e agrícolas, a fertilidade era primordial, era elaborada daí a crença universal na mãe natureza, a importância da mulher ser fértil, de dar continuidade ao seu clã, sua tribo, seu povo.

“...A situação era mais severa, ainda, para as mulheres. Um dos primeiros viajantes estrangeiros a chegar em Benin anotou: - “A mulher fértil é muito considerada, a estéril, desprezada”...” É pior uma mulher ser acusada de esterilidade do que de adultério”...[5]

Ao venerar os Deuses o homem intervém em sua vida cotidiana, o canto a dança a expressão oral religiosa, mítica, ganham forças, símbolos para estas comunicações e dão a alguns indivíduos o status de poder, o homem reproduz os fenômenos da natureza, os símbolos se tornam ferramentas inatingíveis, o fogo e a água serão usado em todos os rituais: o fogo como sabedoria, comunicação, mundo entre vivos e mortos, as águas como satisfação, fonte de vida, portal espiritual.
Nesta noção de sagrado, de religiosidade o homem moderno nasce no momento que cultua seus mortos, o homem em contato com a vida pós-morte com seus ancestrais, está ancestralidade que é observada até hoje no Candomblé, como principal característica mantida.
Mas o que é Candomblé, Umbanda, religiões afro-brasileiras? Como entende-las? São estas questões que este trabalho também pretende elaborar.
Sabemos dos milhões de escravos que aportaram no Brasil Colônia, vindos em grande parte da África Ocidental e Centro-Ocidental, com identidades múltiplas, resultantes das diversas tradições culturais existentes na África com seus valores e saberes, entre os principais grupos dois se destacam os bantos[6] e sudaneses[7].
No campo religioso pelo qual traço as linhas deste trabalho, aponto como entender a importância grandiosa da natureza[8], a floresta e suas forças, rituais de iniciação que tornava o menino em homem, a fase animal em humana a ponte das almas de seus ancestrais, o menino que morrerá e o homem que nascerá, a concepção e o renascimento dos iniciados. A floresta era boa e má, como todo ser, mesmo os curandeiros deveriam aprender e se entregar à sabedoria da natureza e dela manter sua energia, sua força espiritual.
A fonte oral de comunidades ágrafas africanas, com sua riqueza, pois nela se preserva sua história, seus símbolos, seus cantos a oralidade será a chave mestra para as religiões afro-brasileiras, e é através desta oralidade que tentamos reconstruir a história afro-descendente. Mas lembremos dos africanos islamizados[9], que mantinham a escrita como instrumento sagrado do islamismo, elo do homem a Alá e o profeta Maomé.
Com o tráfico negreiro para o Brasil[10], aporta reinos inteiros na colônia portuguesa, traziam suas religiões seus símbolos seus mitos suas tradições, tradição Yoruba (Nagô, Keto) Angola, Gegê. Há sempre uma idéia de Yourubanização[11] como a protagonista da religião africana no Brasil, como se antes não tivesse chegado negros na Bahia, mas antes dos yorubas havia chegado os bantos, o recôncavo a zona rural dão os sinais da presença banto no território baiano, eles mantiveram homogeneidade religiosa, sua língua afirma tal fato.
Do início ao final da escravidão chegaram bantos no Brasil, junto a cultura indígena e portuguesa cria-se nossa cultura, temos uma matriz africana, mas não somos africanos, estamos neste momento tardio conhecendo mais a história da África devemos com isso, conhecer o que realmente somos a mistura, a difusão do negro e seus vários grupos africanos, do índio do português desta salada de miscigenação, entendermos o sincretismo brasileiro, e a importância de estuda-lo sem preconceitos ou estereótipos criados para manchar a imagem religiosa da cultura afro-brasileira.

“...Não há cultura que não se ampare no sagrado, que seja ele religioso ou não...”[12]
(Alberto da Costa e Silva)
Os Bantos como escravos rurais em sua grande maioria tiveram mais contato com os índios no território brasileiro, automaticamente sem pretensão forçada, naturalmente ocorre uma espécie simbiose destas culturas no campo religioso, plantas medicinais, a medicina impírica, religiosa, faz nascer o Candomblé de Caboclo, de seguimento banto, a matriz banto é a mais influente na africanidade no Brasil.

“ Somos como o sol
todo o ser humano
se expande como o sol
cai no horizonte para
renascer, brilhar
e ser feliz “
(filosofia Banto)

Preconceito religioso, cultural, étnico, educação no contexto da história da África do negro no Brasil, a interdiciplinaridade trazendo inúmeras propostas de trabalho dos professores para os alunos, das religiões afro-brasileiras em sua função ecológica, o Candomblé é uma religião ecológica, preserva a natureza e reconhece sua importância, a natureza hoje tão castigada pelo homem, mas respeitada e preservada a séculos por nossos descendentes africanos, nossos descendentes indígenas, é está resistência que estas linhas tentará abordar, a grandiosidade de resistir, de se camuflar, de lutar para se manter, enfrentado todos os absurdos possíveis e impossíveis do preconceito humano, da importância da oralidade contida na religiosidade, onde a ancestralidade não morre, não se esquece, não se acaba enquanto sobrar um único homem sequer sobre a terra.
















“ANCESTRALIDADE E ORALIDADE “
RAIZ DA INDENTIDADE

Mesmo os que não conseguem entender, ou que não dêem importância á sua ancestralidade, neste mundo globalizado em que o capitalismo e o relógio, o tempo parecem ser mais importantes, não se pode negar que o ancestral é o tronco que sustenta toda a história de uma etnia, de um grupo, de uma nação, de seu início de sua criação.
Todos temos nossa árvore genealógica, ancestral, aqueles que nos antecederam, ou seja nossos antepassados. A ancestralidade é pura história, a “História” como ciência não existiria sem nossos antepassados, nos não estaríamos aqui, agora neste momento, neste contexto atual sem a presença dos que nos antecederam, ou seja não existiríamos.
Na África o orixá também é um ancestral, orixás que viajavam por várias regiões africanas, em uma família ou grupo numeroso, um orixá englobava ao processo religioso assumindo uma feição mais pessoal, quando o africano era mandado ao outro lado do oceano, chamado Atlântico, como escravo nos navios negreiros, o orixá englobava um caráter mais individual, ligando-se a sorte do escravizado, que fora separado de seu grupo familiar de sua força de suas raízes, mas não deixando morrer sua ancestralidade. O orixá é um ancestral divinizado, uma herança familiar passada por linhagem, com a responsabilidade de culto a este orixá familiar, com tolerância e ausência de proselitismo.

“Antigamente, os orixás eram homens.
Homens que se tornaram orixás por causa de seus poderes.
Homens que se tornaram orixás por causa de sua sabedoria.
Eles eram respeitados por causa de sua força,
Eles eram venerados por causa de suas virtudes.
Nós adoramos sua memória e os altos feitos que realizaram.
Foi assim que estes homens tornaram-se orixás,
Os homens eram numerosos sobre a terra.
Antigamente, como hoje,
Muitos deles não eram valentes nem sábios.
A memória destes não se perpetuou
Eles foram completamente esquecidos;
Não se tornaram orixás.
Em cada vila, um culto se estabeleceu
Sobre a lembrança de um ancestral de prestígio
E lendas foram transmitidas de geração em geração para
Render-lhes homenagem”.
Pierre F. Verger[13]

Os orixás não são deuses, mas entidades divinizadas, já foram humanos, corrente da ancestralidade, criados por um único Deus: Olorum ou Olodumaré na linha Nagô, e Zambi ou Obatalá na linha Bantu.
Criados por Olorum Olo (criador), do orum (plano astral), os orixás são nosso elo com Deus, com perfeições e imperfeições humanas, porém divinizados.
O culto aos orixás se desloca das crenças jejé-nagô[14], se originando da cultura, nação Yorubá, é originada do Ilê-Ifé, de onde o mundo teria se formado, e no qual cultuam-se os orixás, mas de forma à parte dos antepassados mesmo pertencentes as mesmas raízes, principalmente no Brasil onde o culto se difere da África em muitos pontos.

“... aponta-se para o fato de que, historicamente, o Daomé e a Nigéria são pontos de convergência cultural-religiosa : as divindades vindas de fora se juntaram às que já estão estabelecidas e se harmonizam com elas. E, cada grupo especializado no culto de um deus, possui relativa independência em sua concepção do mundo e dos deuses. Cada templo tem sua divindade principal, acompanhada por deuses secundário torna-se principal em seu próprio templo e , o que era principal, no primeiro caso, passa a segundo plano. Desta forma a hierarquia varia conforme a localidade, os grandes deuses têm seus mitos conhecidos em todo reino. Mas, os detalhes variam amplamente: cada grupo especializado no culto a um deus possui relativa independência em sua concepção do mundo e dos deuses. A riqueza de idéias religiosas apresenta contradições e versões múltiplas dos mitos...”[15]

Na África é bom se lembrar que as divindades não são representadas com formas antropomórfica nem zoomórfica, mas sim com pedras o chamam de otás, as pedras ou pedaços de metal onde estará assentado o axé ou seja força mágica e espiritual dos orixás. Na África havia cerca de 600 orixás, para o Brasil chegaram talvez uns 50, que se resumem em 16 no Candomblé, recebendo diversos nomes e qualidades, dos quais somente 8 vivem no panteão da Umbanda[16]. Mas neste número há dúvidas pré estabelecidas, como alguns adeptos do Candomblé brasileiro que negam o número de apenas 16 orixás, havendo terreiros que lidam com uma maior quantidade, e outros adeptos indicam nove ou mais orixás cultuados e identificados na Umbanda[17].
Os orixás chegam ao Brasil de maneira ritualística, porém informal.

“...os candomblés pertencem a nações diversas e perpetuam, portanto, tradições diferentes. Todavia, a influência dos iorubas dominam sem contestação o conjunto de seitas africanas, impondo seus Deuses, a estrutura de suas cerimônias e sua metafísica...” ( Roger Bastide )

Uma das duas correntes para a explicação do surgimento dos orixás, é o da criação do universo. Tudo era caos até que Olorum criou o universo, as estrelas, os planetas o mundo material, que a partir daquele momento, se separava do imaterial, do sobrenatural. Olorum cria assim a terra e suas energias, seus elementos, a água salgada e doce, a rocha, o vento, as árvores etc. nascendo assim Iemanjá, Oxum, Iançã, Oxóssi etc.
Outra corrente se explica que os orixás eram seres humanos, assim como nós, importantes com poderes e prestígios em vida, que morrem de maneiras incomuns grande quantidade de cólera ou paixões fulminantes, essa sobrecarga de sentimentos despendia-se a essência de cada ser, impedindo-os assim de serem como os eguns,[18] não tendo a mesma forma espiritual.
Com algumas diversas denominações Pierre Verger, afirma estar o Candomblé vinculado profundamente com a estrutura familiar[19], descendência de sangue, antepassado comum, englobando vivos e mortos.

“... o orixá seria em princípio um ancestral divinizado, que em vida estabelecera vínculos que lhe garantiam um controle sobre certas forças da natureza, como o trovão, o vento, as águas doces ou salgadas, ou, então assegurando-lhe a possibilidade de exercer certas atividades, como a caça, o trabalho com metais, ou, ainda adquirindo o conhecimento das propriedades das plantas e de sua utilização. O poder, axé do ancestral-orixá teria, após a sua morte, a faculdade de encarna-se momentaneamente em um de seus descendentes durante fenômeno de possessão por ele provocado...”[20]
(Pierre Fatumbi Verger)

Na oralidade está a tradição, a forma agráfa de um povo, sua herança de conhecimento. Julgavam-se que povos sem escrita eram povos sem história sem cultura, segundo A. Hampaté Bâ, o testemunho, seja escrito ou oral, no fim não é mais que testemunho humano, e vale o que vale o homem. Os primeiros arquivos fontes e bibliotecas do mundo foram as mentes humanas, antes do papel há o diálogo consigo mesmo, aquilo que formara suas idéias.
Na história da África a oralidade tem papel principal e marcante, nossos descendentes africanos trouxeram uma história oral rica, ainda em estudo e descoberta, assim como outros povos que chegaram ao Brasil como os ciganos que também preserva sua cultura ágrafa, seus puranôs (velhos) são suas historias vivas suas enciclopédias, deste fato nota-se o respeito e o amor a seus idosos pois representam a sua história que é passada de geração à geração.

“...A escrita é uma coisa, e o saber outra. A escrita é a fotografia do saber, mas não o saber em si. O saber é uma luz que existe no homem. A herança de tudo aquilo que nossos ancestrais vieram a conhecer e que se encontra latente em tudo o que nos transmitiram, assim como o baobá já existe em potencial em sua mente...” [21] ( Tierno Bokar)

Seja os orixás (Yorubá), Inquices (Banto) e Voduns (Jeje/Fon), a tradição oral, nesta dinâmica teológica e filosófica das religiões afro-brasileiras traz a história de nossos ancestrais, dos nossos ancestrais africanos que aqui chegaram de forma cruel, com suas crenças com suas tradições e sobrevive com o passar dos séculos até os dias de hoje. Mesmo com novas leituras, novos parâmetros de visão, modificações, simbiose de outras crenças a religião de orixá era na chegada a colônia, simplesmente pura, genuína, nata, sem modificações e outras referências, o que hoje já modificada e bem classificada como religião afro-brasileira, sendo poucas casas de santo que tentam se manter o mais fiel possível da sua raiz e identidade.

Candomblé: Bela e original manifestação de espiritualidade, a oralidade é por demais importante por ser a transmissão de conhecimento dos iniciados. Através de orins (cânticos), àdúràs (rezas), ofos (encantamentos) e oríkis (louvações), que o homem mantém contato com seus orixás. É uma religião de pura transmissão oral de seus cultos, (Kétu, Ègbá, Ifón, Ijésá, Yorubá), com hierarquia e respeito. Nasce o candomblé da necessidade de negros escravizados realizarem seus rituais religiosos, o que era proibido por senhores de engenho. Que metafísica e religiões traziam estes africanos? Aparentemente fragmentação de uma metafísica muito mais velha, antiga dos grupos primitivos que pintaram as cavernas do Tassili, bem anterior a esplendorosa civilização egípcia dos faraós, do mesmo povo do negro jetro e dos negros drávidas derrotados pelos arianos na Índia pré-védica, essa diversidade de crenças tinhas três pontos em comum: crença em um Deus único, criador e ordenador, crença em um panteão de deuses administradores dessa criação, crença em dois mundos distintos, o material visível e o espiritual.
É do Candomblé que se originou o samba[22], Kimbundo (oração), é também a origem do samba de roda, a capoeira[23]( luta, jogo, dança ), o canto no Candomblé é para louvar, enaltecer e glorificar aos orixás e aos imalès (espíritos) elogiar e dirigir louvores, um oratório cantado, e com isso o Candomblé também é uma atração turística para os visitantes estrangeiros a procura do “exótico”, o exótico de iniciados que reverenciam os deuses que habitam o plano astral e quando invocados por requintados cerimoniais, ajudam e orientam os homens em suas dificuldades em seus desígnios.
Há no Brasil cinco terreiros importantes da história do Candomblé, o Terreiro Casa Branca a casa de culto do Engenho Velho, na Bahia foi a primeira a instituir-se oficialmente, remontando a 1830, Ilê Axé Opô Afonjá, Gantois, Bate-folhas e o Alaketu este último sendo tombado pelo IPHAN em 19 de abril de 2005, ou seja 21 anos que separa-o do tombamento da Casa Branca. Os orixás incorporam-se nos médiuns (iaôs) sob domínio vibratório, ou seja “virar no santo”, em uma primeira vez que o médium incorpora se denomina “bolar no santo”, como já sabemos é uma religião de natureza na incorporação do Candomblé, os orixás não transmitem mensagens orais, o que se difere da Umbanda chegando a haver até consultas com os espíritos desencarnados, manifestados que no Candomblé chame-se de eguns. No Candomblé se prática a arte divinatória do jogo de búzios o babalaô joga-os em sua peneira invocando a Ifá e a Oxum e pede a Exu que seja o intérprete das mensagens solicitadas por filhos de santo, clientes, a todos que de alguma forma procuram o zelador de orixá[24] para responder seus questionamentos pessoais, esta arte divinatória é secular na África, somente usa os búzios, o iniciado de alta hierarquia o babalaô ou a ialorixá, mesmo assim nem todos são capazes de aprender, somente os já predestinados, o próprio oráculo dizia quem seria o novo babalaô, sabemos que a arte da adivinhação é milenar antes do antigo Egito até os dias atuais, o homem com seus oráculos em contato com as divindades, com o plano invisível, da ligação com o superior.
“ O Candomblé sobrevive até hoje porque não quer convencer as pessoas sobre uma verdade absoluta, ao contrário da maioria das religiões”.
Pierre Verger.

Umbanda: A Umbanda é bem brasileira, é a união da religião de orixá, o Candomblé, com o Catolicismo e o Kardecismo de Allan Kardek. Hoje a Umbanda chega até ser exportada, para outros países como Argentina, Paraguai e Uruguai, onde o Brasil está para eles assim como a África está para nós brasileiros. Em 1908 (irá fazer anos que vem em 2008, a comemoração de seus 100 anos), no bairro de Neves na Rua Floriano Peixoto, 30, em 14° Distrito de São Gonçalo no Rio de Janeiro, o jovem Zélio Fernandino de Morais, após ser acometido por estranha paralisia, manifesta o Caboclo das Sete Encruzilhadas, anunciando o culto que se iniciaria, e que o mesmo fundasse uma federação que passou a se chamar de UEUB ( União Espírita de Umbanda do Brasil ) relata seleções de Umbanda n° 7, 1975. O simples uniforme branco exigido á seus médiuns, estabelecia a igualdade de classes e a simplicidade do grandioso e belo ritual que teria como principal função o atendimento aos necessitados.
Se difere do Candomblé por haver manifestação de espíritos em seus médiuns (cavalo) espíritos de pretos velhos escravos, caboclos, índios, crianças, boiadeiros, prostitutas, malandros, ciganos, marinheiros etc. é eclética, é considerada a caridade no sentido do amor fraterno, fraternidade, amor e caridade este é o lema da Umbanda. Seu fundador falece em 1975 aos 84 anos de idade deixando cerca de 30 milhões de adeptos segundo número apresentado no 2° Festival Mundial de Artes Negras realizado em Lagos na Nigéria[25].
“ Respeitemos o umbandismo, onde se encontra uma grande legião de companheiros muito respeitáveis, consagrados à caridade que Jesus nos legou, grandes expositores da mediunidade que auxilia, alivia o próximo, credores do nosso maior carinho, da nossa maior veneração, conquanto estejamos vinculados aos princípios codificados por Allan Kardec”[26]. Chico Xavier.

Nos fundamentos da Umbanda teremos Olorun, Zâmbi ou Oxalá como deus único em seu tríplice aspecto energia, vida e consciência, também as sete progressões ou linhas evolutivas como:

7° Linha - dos Orixás.
6° Linha – das Encarnações Humanas e Divinas.
5° Linha – do Oriente ( Carma, Reencarnação, Evolução).
4° Linha - da Magia.
3° Linha – das Almas.
2° Linha – Sacerdotal.
1° Linha – dos Devotos.

“A Umbanda é sincrética com o Induísmo, aceitando a reencarnação sem dogmatismo as leis de carma, evolução e reencarnação, com o Cristianismo, bebendo das primeiras águas do “Amai-vos uns aos outros” e do Africanismo, os orixás arcabouço da natureza universal, influências do Kardecismo e da cultura ameríndia “[27].

Na religião de Umbanda há também um dos mais lindos hinos religiosos do qual poucos o conhecem, vale passar um olhar de compreensão no que a letra nos diz:

Hino da Umbanda
(J.M. Alves)

Refletiu a luz divina
Em todo o seu esplendor
Vem do reino de Oxalá
Onde há paz e amor.

Luz que reflete na terra
Luz que reflete no mar
Luz que vem lá da Aruanda
Para tudo iluminar.

Umbanda é paz e amor
Um, mundo cheio de luz
É força que nos dá vida
E à grandeza nos conduz.



Avante, filhos de fé,
Como nossa lei não há
Levando ao mundo inteiro
A bandeira de Oxalá.

Há ainda outras ramificações da religião de matriz africana nesta salada cultural que é o Brasil, o Tambor-de-Mina com sua maior festa do Divino Espírito Santo ligada ao catolicismo, o Xangô do Recife, o Candomblé de Caboclo, Babaçuê, Pajelança, Catimbó, o Moçambique da rainha Ginga, e outros e a fé com forte teor de sincretismo da Comunidade de Santa Rosa dos pretos localizada a 156 km de São Luís no município de Itapecurumirim, e muitas outras manifestações religiosas da qual não abordaremos neste trabalho, mas que se preservam vivas com seus adeptos com um vasto e riquíssimo campo para pesquisas desde a religiosidade ao lado folclórico de cada uma, a forma de manter acessa a sua cultura a sua manifestação de fé a sua história.

“ Que santo é aquele que vem no andor ?
É São Benedito e Nosso Senhor.
Meu São Benedito, com Jesus Menino
É santo de todos do amor divino.
Meu São Benedito é um santo preto
O que fala na boca responde no peito
Meu são Benedito já foi cozinheiro
E hoje ele é santo de Deus verdadeiro
Meu são benedito, estrela do norte,
Guiai-me, meu santo, na vida e na morte
Que santo é aquele que vem lá de dentro ?
É São Benedito que vai p’ro convento.
Que santo é aquele que vem acolá ?
É São Benedito que vai p’ro altar.
Que santo é aquele que vem na estrada ?
É São Benedito com a sua congada.
Que santo é aquele que vem na ladeira ?
É São Benedito com sua bandeira.
Meu São Benedito, vos peço também,
Que nos dê a glória para sempre. Amém”[28].


QUADRO DE CORRELAÇÕES

BA PE MA RJ AM RS

JEJE TAMBOR DE BATUQUE
MINA
_________________________________________________________________________________
NAGÔ XANGÔ TAMBOR DE BATUQUE BATUQUE
NAGÔ
_________________________________________________________________________________
ANGOLA MACUMBA
E UMBANDA
_________________________________________________________________________________
CABOCLO CABOCLO UMBANDA PAJELANÇA[29]


É interessante ressaltar, saber que a religião afro-brasileira e sua identidade se manifesta também já fora do Brasil, e com cara de Brasil, é um dos casos como da lavagem da escadaria da igreja de Madeleine na França em Paris, assim como na igreja do Senhor do Bonfim, um baiano de nome Roberto Chaves desde 1998 organiza uma espécie de lavagem do Senhor do Bonfim nas principais igrejas de Paris, as primeiras lavagens foram na igreja de Sacré Coeur (Sagrado Coração), hoje o local é tomado por multidão e os adeptos e curiosos todos de branco com vassouras, rodos, e água de cheiro está é a lavagem de Madeleine, em 2006 haviam cerca de dez mil pessoas, com uma comitiva de baianas vindas do Brasil, levadas pelo apoio do Ministério da Cultura o ritual é um sincretismo religioso assumido, a lavagem de Madaleine mistura o que Deus não misturou[30]. A identidade, a raiz negra viva e se manifestando e impondo respeito e espaço, sem agredir sem destruir, mas sim com força a sua identidade cultural.




























MITOS E LENDAS
UM BREVE ESTUDO DO PANTEON AFRICANO

No Brasil a força dos mitos e lendas africanas de seus orixás, criam fortes raízes de sobrevivência principalmente nas cidades de Salvador, São Luís, Rio de Janeiro e Recife. Uma espécie se síntese dos elementos culturais se fortifica e se recria, por laços de fé, costumes e rituais, grupos africanos e descendentes, não homogêneos, mas uma convivência de diferentes etnias como jeje, hauçá, ashanti, fanti, mina etc., já havia na África um sincretismo próprio oriundo de conflitos, guerras étnicas, no Brasil com a convivência da população indígena, principalmente em áreas rurais, se incorpora a religião de matriz africana tais conhecimentos, unidos aos da religião Católica Apostólica Romana, e mais tarde do espiritismo europeu.
Discordo plenamente do autor Roberto Emerson Câmara Benjamin[31] em seu artigo a revista “Construir Notícias”, quando fala que neste primeiro instante, nesta junção do sincretismo da religião afro-brasileira a outras etnias, onde mitos e lendas são fortes na forma oral de expressão, se mesclando tradições como a dos ciganos, como o budismo e outras correntes orientais, discordo do autor, por ser o povo cigano totalmente fechado a seus costumes e tradições, não passando aos gadjés ou seja os não ciganos seus segredos, mitos e lendas, principalmente naquele momento em que ciganos eram degredos para o Brasil e teriam de manter outro tipo de comportamento, sendo artistas, meirinhos, oficiais de justiça e principalmente os mais ricos comerciantes de escravos do Rio de Janeiro.
Depois da fundação da Umbanda, como já mencionamos acima, anos mais tarde, raramente se ouvia dizer da manifestação em seus médiuns de espíritos ciganos, o que hoje já bastante difundido surgindo até uma espécie de nova realidade umbandista onde a corrente ou linha de ciganos chega a dominar o ritual como diz o autor e historiador de origem cigana, representante da Fundação a “Proteção a Criança Cigana”, vinculada a ONU junto a presidente a cigana de origem Kalderach Jordana Aristicth[32], Rodrigo Gevegir[33], menciona que muitos ciganos de origem não acreditam nas incorporações dos ciganos em não ciganos, nestas linhas ritualísticas, pois a alma é livre principalmente do cigano como menciona o autor, se manifestassem realmente os ciganos estes saberiam falar com eles o romanês [34]ou pelo menos compreender, mas Gevegir menciona o respeito e a importância em que a Umbanda e o Candomblé tratam a imagem, a figura do cigano, de forma respeitosa, digna, sem estereótipos de preconceito e de tabus, Gevegir agradece ao simbolismo tão precioso e digno, pois os ciganos sempre foram perseguidos e mal interpretados em sua história. Como os negros sofreram perseguições, torturas, escravização etc.
São fascinantes demais os mitos e lendas africanas de seus orixás e suas histórias, tão belos e infelizmente pouco conhecido. Essa riqueza oral está no conhecimento somente dos iniciados e daqueles que se interessam pelo assunto, ficando a desejar na cultura, no ensino da história da África, do seu rico folclore e de nós, da nossa história descendentes afro-brasileiros, a história da África, sua cultura e tradição faz parte da nossa história.
Observaremos aflorar essas lendas e mitos nas magníficas escolas de samba e na música popular brasileira, como no casa da cantora Virgínia Rodrigues, que faz um imenso sucesso no exterior, sendo que no Brasil, sua terra de origem a diva é baiana, e nem todos a conhecem.

“ Cidade reluzente, Ejigbô
Cidade florescente Ejigbô
Ele, Eleejigbô
Ejigbô cidade encantada
Eleejigbô sua majestade real
Ara Ketu ritual do candomblé
Exalta as cidades de Ketu e Sabé
Ferido vingou-se
O homem utilizando
Seus poderes
Passaram-se anos difíceis
Sofreram muitos seres
Os vassalos ficaram sem
Pastos, a fauna e a flora
Não brotavam mais
As mulheres ficaram estéreis
A flor do seu sexo
Não se abrirá jamais
Ele, Eleejigbô
Ele ejigbô, Eleejigbô
Guerreiros lutaram entre si
Golpes de vara era o ritual
Durante várias horas
Travou-se a batalha
Entre o bem e o mal
Depois retornaram com o
Rei para a floresta sagrada
Onde comeram a massa
De inhame bem passada
Onde será comida
Por todos os seus
Negros homens
Em comunhão com Deus”[35].

Como já sabemos na África cada orixá em particular estava ligado a uma região ou melhor a uma cidade, onde se praticava cultos regionais ou até mesmo nacionais no caso de ser uma região extensa Sangô em Oyó, Iyewa em Egbado, Yemonja na região de Egbá, Ogún em Ekiti e Ondô, Ossun em Ijexá, Òságiyan em Egigbô etc.e no Brasil esta força é preservada e recriada nas senzalas onde nasce o Candomblé, trocando, dividindo fundamentos de culto, destes povos negros que tinham hierarquia em seus grandes reinos, com seus reis, rainhas, sacerdotes, príncipes, generais com seus exércitos e uma cultura avançada vinculada principalmente a religião e ao comércio.
Muitos reinos na mãe África, desapareceram com as dominações cristãs e muçulmanas, com esses reinos desaparecem também grande parte de sua cultura social e religiosa. Hoje observamos e conhecemos a religião africana no continente americano, unificaram-se grupos (raízes) como Nagô, Ketu, Angola, Oyo, Jêje, Ijexá etc. e está ai o Candomblé brasileiro.
E no percurso de todos os orixás não deixaremos de mencionar a beleza de algumas de suas lendas, lendas de deuses homens, todo deus é um homem e todo o homem é um deus, o rio chamado Atlântico, do qual percorre todos os orixás de uma veia que trafega a história rica de magia, respeito e fé, de força que fez sobreviver homens que foram despidos de tudo da roupa á alma, mas que mantiveram o ser divino, o ancestral intocado e incorrupto, na força e nas tradições dos orixás na fonte do saber humano.
Observa-se no mito o lado utópico, enigmático, uma narração fabulosa ou heróica, não deixando de ser uma tradição alegórica explicativa de um fato natural e no caso das lendas uma narração fortemente popular, um conto de invenções ou mentiras, mas que nas diretrizes da filosofia, história e no mundo científico encontraremos muitas formas de se observar de explicar o mito e as lendas, e a força com que se refletem na vida social e cultural de um povo.
Essa força refletida, mostrará a forte influência na constituição religiosa da vida do povo de santo, tanto africano como de seus descendentes brasileiros, e de outros locais das América onde a cultura negra se aflorou, exemplo Haiti, essa forte ligação da história oral das lendas, dos mitos, dos seus ancestrais, fazem preservar o culto e a lembrança dos orixás.
Abordaremos algumas lendas de apenas três orixás escolhidos neste trabalho para ilustrar a semelhança de suas histórias com nosso cotidiano, nosso dia a dia, nosso jeito de ser ( comportamento – inclinações ), mitos em um rio de tantos outros sobre as divindades africanas, mas que mostra uma ligação interessante com o que conhecemos hoje da ciência, do comportamento humano muito parecido com a dos orixás, do surgimento dos seres vivos, da criação da vida até sua morte e de sua transformação.
Um destes mitos conta que dos seios de Yemanjá, nasceram todos os orixás, ao cair no chão, a deusa deixa seu leite materno se espalhar dando vida as divindades, bem observamos nesta lenda a vida que se originou totalmente da “calunga maior” que é o mar, toda a vida terrena nasce das águas, o próprio útero materno, embala o feto em sua bolsa d’água, a água é vida, é Yemanjá.

“Rainha das águas que vem da casa de Olokum.
Ela usa, no mercado, um vestido de contas.
Ela espera orgulhosamente, sentada, diante do rei.
Rainha que vive nas profundezas das águas.
Ela anda à volta da cidade.
Insatisfeita, derruba as pontes.
Ela é proprietária de um fuzil de cobre.
Nossa mãe de seios chorosos”.

Yemanjá, (sincretizada como N.S. dos Navegantes e da Glória) é o orixá que representa as águas salgadas, todos os oceanos, são lágrimas de mãe, da mãe terra que sofre por seus filhos, na África Yemanjá reside em um rio chamado Abeokuta, isto na versão da tribo egbá (iorubá), este rio desemboca no mar, o rio é de lágrimas de tanto chorar pelo filho Oxóssi (sincretizado como São Sebastião no Brasil), que fora viver na mata com seu irmão Ossaim.

“Diz-se na Bahia que há sete Yemanjás:
Iemowô, que na África é a mulher de Oxalá
Iamassê, mãe de Xangô;
Euá (Yewa), rio que na África corre paralelo ao rio Ògùn que freqüentemente é confundido com Yemanjá em certas lendas;
Olossá, a lagoa africana na qual desálguam os rios.
Yemanjá Ogunté, casada com Ogum Alagbedé.
Yemanjá Assabá, ela manca e está sempre fiando algodão.
Yemanjá Assessu, muito mais voluntariosa e respeitável”[36].


Na criação entendemos que o primeiro casal, Obatalá (céu), e Oduduwa (terra), deles nasceram Aganjú (abóboda celeste) e Yemanjá (as águas), da união de Aganjú e de Yemanjá nasce Orungã (ar e alturas), apaixona-se por sua mãe e a violenta, e nesta fuga, ele a persegue. Ela cai e em seu tombo como já acima mencionamos, nasce 15 orixás: Olokum, Oloxá, Ogum, Xangô, Oxóssi, Ossaim, Iançã (Oyá), Oxum, Obá, Okó, Ajê Xalunga, Xampanã, Ôrum, Ôxu, Odé[37].
Yemanjá assim como Oxum (sincretizada como N.S. da Conceição), são as mães, a maternidade, Oxum cuida do feto, do parto e dos primeiros anos de vida, e Yemanjá cuida da segunda infância, educação e socialização é a mãe para o resto da vida.
Outro mito é o da controversa figura de Exu, que é mal compreendido, interpretado e atacado até os dias atuais, as igrejas tanto católicas como protestantes, o escolheram como alvo de ataques, ou seja colocaram a visão de Exu como do Diabo criado pela igreja Católica Apostólica Romana em tempos medievais. O tridente de Exu foram buscar em Netuno deus dos mares na antiga Grécia, os chifres e rabo do deus Baco, do vinho das orgias e festas, foram acumulando outras lendas passadas na antigüidade para assim criar a figura negativa que tentam passar a imagem de Exu, imagem está que se apresenta negativa e assustadora a muitas pessoas, fazendo-as terem temor e medo de algo que verdadeiramente não conhecem.
Os programas televisivos das igrejas protestantes que invadem os canais de televisão, são os primeiros a atacar o alvo da imagem, do símbolo que Exu representa, o que deveria ser proibido pelas autoridades o ataque a qualquer outra religião, já que dizem que vivemos em uma país democrático, é tão negativo esta imagem passada que os próprios adeptos da religião afro-brasileira começam a ver Exu de outro lado onde a forma negativa e má impera, deixando de lado o seu verdadeiro significado o de guardião e mensageiro do plano material e espiritual.
Rezam-se os Mitos que Exu teria nascido na cidade de Ilé-Ifé, o filho de Olojá, um proprietário de comércio, uma espécie de mercado, e que se tornará o primeiro rei de Ketu (Alaketu) e que seria o primeiro ancestral do soberano dos egbás: Exu.
Outra versão seria de que existia um homem, no Daomé, que teria almejado e se tornado um forte orixá no país de Ayó[38] , tendo seu culto se espalhado pelo Daomé. Como aqui no Brasil ele Exu, representa o guardião dos terreiros das cidades e das portas das casas em particular, nunca em seu interior, como um guardião somente no exterior. É o orixá dos caminhos e encruzilhadas, tendo livre acesso do material ao espiritual, é a poeira astral, o mensageiro que transporta os pedidos, que abre e fecha os caminhos.
Segundo Verger, Exu é um orixá de múltiplos e diversos aspectos, se tratado com respeito e consideração, Exu possui e demonstra seu lado bom, sendo ele serviçal e prestativo. Irascível, se satisfaz com disputas e competições provocar acidentes e calamidades públicas e privadas, relembrando o já acima mencionado os missionários viam a sua figura personificando-o como o Diabo, dele vindo toda a perversão, ódio em disputa com o amor à elevação e a pureza de Deus.
Mas Exu não é mau nem bom, é o orixá[39] mais parecido com os homens, tendo suas qualidades e defeitos é dinâmico e jovial, na África pessoas usam seu nome em nomes próprios com bastante orgulho, exemplo: Èsùbíyìí (conhecido de Exu), ou Èsùtósìn ( Exu merece ser adorado ). Em igualdade as lendas acima mencionadas de Exu temos este texto de Verger:

“... Exu teria sido um dos companheiros de Odùduà quando da sua chegada a Ifé, e chamava-se Èsù Obasin. Tornou-se, mais tarde, um dos assistentes de Orunmilá, que preside a adivinhação pelo sistema de Ifá. Exu tornou-se rei de Kêto sob o nome de Èsù Alákétu. É Exu que supervisiona as atividades do mercado do rei em cada cidade o de Oyó é chamado Èsù Akesan...”[40]


Exu ocasionou brigas com diversos orixás, não sendo sempre vencedor, e quer receber sempre as oferendas de seus adeptos. Certa feita diz que uma mulher estava em um mercado popular era vendedora tinha seu comércio, com seua grande variedade de produtos, Exu pós fogo em sua residência, casa próximo onde morava, recebendo tal notícia, esta sai correndo em direção a catástrofe ocorrida, neste tempo seu comércio é saqueado e roubado por ladrões, que levaram todas as suas mercadorias, diz a regra se ela estivesse feito as oferendas e os sacrifícios usuais de Exu, nada teria ocorrido, pois o mesmo a defenderia.
“ Exu faz o erro virar acerto, e o acerto a virar erro / Ele matou um pássaro ontem com uma pedra que atirou hoje. Se ele se zanga, pisa nessa pedra e ela põe-se a sangrar / Sentado, sua cabeça bate no teto; de pé, não atinge nem mesmo a altura do fogareiro.” [41]

Navegando pelo rio de mitos e lendas dos orixás africanos, encontramos o orixá Omolu, orixá que tem como sincretismo religioso no Brasil à São Lázaro santo Católico. Reza a lenda que grande festa fora realizada na África e teve como convidados, ilustres convidados: Oxum, Iemanjá, Oxalá, Xangô, Oxossi, Ossaim, Obá, Logunedé, Iansã, Nanã, Ogum e Oxumaré, faltando apenas Omolu.
Por ter Omolu, o corpo acometido por marcas de varíola, resolveu ficar do lado de fora, escondido, as marcas da doença estavam em seu rosto. Sabendo deste ocorrido o orixá Ogun, no Brasil sincretizado como São Jorge no Rio de Janeiro, Ogun fora
até a floresta e teceu uma roupa de palha, que no culto afro-religioso chama-se ofilá, para que o irmão pudesse estar na festa. Mesmo estando na festa ninguém se aproximou dele, e não quiseram dançar com o mesmo, mesmo cobertas suas feridas causavam repulsa aos convidados. A única a dançar com ele fora o orixá Iançã, sincretizada no Brasil como Santa Bárbara, força dos ventos e tempestades raios e trovões, que sem querer mandou as roupas do orixá pelos ares, a palha se desfez e para surpresa dos presentes era o homem mais lindo já visto, sem nenhum defeito, despertando o amor dos orixás femininos e despertando inveja aos masculinos.
Omolu ou Obaluaiê é um orixá anterior a idade do ferro, reino e energia de Ogum, a mãe de Omolu é Nanã sincretizada no Brasil como Sant’ana a mãe de Maria, ou a avó de Jesus Cristo. Nanã e Omolu vem da raiz daomeana, assimilada pela cultura iorubá, em um processo muito longo de adaptação. Omulu também conhecido como Sakpatá (entre os jejes) e de Xapanã (entre os iorubás) o que significa “aquele que corta e mata”.
Pronunciar seu nome era sinal de perigo, passando os adeptos a chama-lo de Ayinon (rei da terra) e de Obaluaiê (rei do mundo), e omolu pela nação iorubá.
Xapanã com 15 anos, saíra de casa posto porta á rua por seu pai, vagando no mundo não encontrou apoio, amigos, emprego, ou até esmolas, viveu então escondido nos matos, se alimentando de folhas e bichos. Com 19 anos, retorna á casa, mas coberto de feridas e doente, o pai não o aceitou e não o reconheceu, mencionou não Ter nenhum filho doente com moléstias contagiosas. Com a mãe implorando para que o escutasse Omolu canta um Kêtu e o pai então o reconhece.
Em outro mito Omolu, filho do primeiro Oxalá (velho Oxalufã) e de Nanã, o segundo dos cinco filhos homens do casal. Oxalá dividiu o reino aos cinco, ao chegar a vez de Omolu, este nada queria a não ser estar junto a seu pai Oxalá, que com o passar dos anos entregou o trono a ele Omolu que a partir do momento passou a chamar-se de Obaluaiê (o rei universal).
É um orixá extremamente respeitado, como menciona o texto abaixo:


“ Meu Pai, filho de Savé Opara.
Meu pai que dança sobre o dinheiro
Ele dorme sobre o dinheiro e mede suas pérolas em caldeirões.
Caçador negro que cobre o corpo com palha da costa,
Não encontrei outros orixás que façam, como ele,
Uma roupa de pele adornada com pequenas cabaças.
Não queremos falar (mal) de ninguém que mata e come gente.
Veremos voltar, na estrada do campo, o cadáver inchado,
Daqueles que insultam Omolu
Ninguém deve sair sozinho ao meio dia. [42]

As lendas destas divindades, neste trabalho narradas rapidamente, nos aponta como são humanos os orixás, com seus defeitos e qualidades, erros e acertos, muito próximo de nós.
























A PRÁXIS ESCOLAR
RELIGIÃO AFRO-BRASILEIRA PRECONCEITO RESISTÊNCIA
E LUTA

Alguém se lembra de algum professor mencionar ou explicar em sala de aula o panteão dos deuses africanos? Ou simplesmente mencionar rápido seu significado, sua mitologia ? São poucos, bem poucos infelizmente, mesmo com a lei 10.639 em vigor, será que está em vigor mesmo funcionando nacionalmente ? Estão preparados os professores para passar a história da África, do negro no Brasil, com sua força de recriar de modificar, transformar sua cultura, para que não morra, o que chamamos de cultura afro-brasileira, como o Candomblé ?
A religião afro-brasileira, em especial o Candomblé e a Umbanda, que para muitos nem é considerada como religião e sim como seita ou culto de minorias ainda não evoluídas, ou o velho conceito de religião primitiva, com os ataques de preconceito, de religião demoníaca e do culto ao Diabo, ou seja ligada ao mal.
Costumamos observar em programas evangélicos o ataque sem respeito e sem conhecimento as religiões afro-brasileiras, usando-as no fundo até para se projetarem no sentido financeiro. Se você tem um mal foi macumba que te fizeram ou o Diabo que está próximo a você! Isso é ridículo, onde está o respeito a liberdade de culto e expressão religiosa que se apresenta na constituição dizendo “ser inviolável a liberdade de crença, assegurando e garantido o exercício religioso e garantido na lei a proteção aos locais de culto e liturgia, Constituição Federal parágrafo 1° do artigo 215 deixando claro evidente a liberdade de expressão e manifestação da cultura Afro Brasileira podendo está contar com a proteção e defesa do Estado para existir e resistir”[43].
Mais uma vez parece as leis só enfeitarem a Constituição. Não deixou passar a olhos fechados o ato, bem acertado da Ialorixá Gilda Santos Ribeiro e os membros de sua família, que levaram a justiça, no Tribunal do Estado da Bahia, a igreja Universal do Reino de Deus, que fora condenada á igreja e a Gráfica Universal a pagar como indenização o valor de R$ 480.000,00 mil reais, em julho de 2006 a Ialorixá Gilda que é zeladora do terreiro Ilê Axè Abassá de Ogun em Itapuã, Salvador.
Além da indenização a gráfica deveria de publicar a sentença em duas sessões consecutivas na capa do seu jornal Universal, cuja tiragem chega a um milhão e meio de exemplares. Tudo isso fora gerado pela igreja Universal, usar indevidamente e sem respeito a imagem (fotografia) da Ialorixá[44] e seu terreiro numa edição de 1999, retiraram a foto da Ialorixá com uma tarja preta aos olhos dizendo: “macumbeiros e charlatões lesam bolso e vida do cliente”, o terreiro se tornou alvo de violência e fora atacado por evangélicos fanáticos, tentando assim exorcizar a mãe de santo, mãe Gilda faleceu em 2002, mas sua filha Jaciara segue com o processo, a igreja recorreu a decisão judicial e até hoje está no Superior Tribunal de Justiça em Brasília. E aí ?
São atos de coragem como esse que deve haver, se impor o respeito, não com ataques, mas judicialmente se for preciso e contar com a sorte infelizmente, e de haver uma maior união entre seus adeptos para que vigiem e vistoriem os ataques a religião de alguma forma, nossas linhas não são para defender aquela ou outra religião, mas sim para que haja respeito pela cultura do outro, uma cultura rica merece ser preservada, a idade das trevas já passou.
Essa sobrevivência tem de se preservar, para não se acabar, só quem conhece a religião afro-brasileira sabe como vem se desintegrando com o tempo, segundo o
sociólogo Reginaldo Prandi em artigo publicado na revista Estudos Avançados, menciona em seu estudo que o Candomblé, Umbanda e outras denominações está em franco declínio em relação a outras religiões que crescem a cada dia. Em 2000 apenas 0,3% declararam-se adeptos das religiões afro-brasileiras, o que representa 470 mil seguidores, a Umbanda em 1980 tinha 0,6% de adeptos, passando em 1991 para 0,4%.
Um único item que acrescento a Reginaldo Prandi, sem descordar do censo é que muitos que freqüentam não assumem sua permanência na religião por preconceito e vergonha, por ser uma religião que não apresenta o status para a sociedade, considerada como religião de negros, pobres, homossexuais[45] etc. que nasce nas senzalas do Brasil.

“ Fragmentada em pequenos grupos, fragilizada pela ausência de algum tipo de organização ampla, tendo que carregar o peso do preconceito racial que se transfere do negro para a cultura negra, a religião dos orixás tem poucas chances de se sair melhor na competição – desigual – com outras religiões. Silenciosamente, assistimos hoje um verdadeiro massacre das religiões afro-brasileiras ”[46]
Reginaldo Prandi.

Certamente o preconceito e as perseguições sobre o mal entendimento e a falta de respeito as diferenças faz a somar-se os problemas para o povo de santo, principalmente aos ataques de outras religiões, que diferenciam e repudiam os adeptos da religião afro-brasileira. Lembremos que nos anos 70 os estudos sobre o negro brasileiro se baseava em três áreas apenas, medicina, psicologia e antropologia tendo como base de percurso principal o folclore e as religiões afro-brasileiras, já na década de 80 uma vertente aparece inovando este percurso, na universidade uma nova vertente teórica, elaborada em maioria por militantes do movimento social negro, com aberturas, amplitude para diversos campos de conhecimento.
Um outro fato que causa nossa curiosidade e sobre a série “Os Normais” da Rede Globo de Televisão com direção de José Alvarenga Jr. E redação de Alexandre Machado, um capítulo exibido em 11 de Julho de 2003, o episódio mostra não haver democracia racial e que agimos com anormalidade muitas vezes, transformando o outro em inferior e desigual. Vani (Fernanda Torres) termina seu noivado com Rui (Luís Fernando Guimarães), Vani descobre debaixo da cama um pires com farofa, e conclui ser macumba[47], juntos vão a uma rezadeira que desfaz o negocio se Rui deve tocar no peito de Mainá (Luana Piovani) sete vezes para desfazer o feitiço, ai recai em textos de preconceito e o alvo são as religiões afro-brasileiras, com sua discriminação explícita.
Mas questionamos um dos objetivos desta pesquisa, como os jovens hoje, que freqüentam as cadeiras escolares, podem conhecer e respeitar as religiões afro-brasileiras ? Ou ter um amigo ao lado que freqüente a religião e que não seja discriminado por seus colegas ? Seria difícil a resposta, mesmo como formador de opinião, o professor passa á base para seus alunos, sabemos disso, mas a educação e o respeito vem de casa. Mas temos uma grande chave mestra na mão, que pode abrir portas infinitas para trabalhos, é a lei 10.639, já conhecida e acima mencionada, só que tem um porém, todos os professores estão aptos a trabalhar África e cultura afro-brasileira em sala de aula ? certamente nem todos, principalmente se o assunto for religião, não ficando somente preso aos campos teórico e metodológico, mas da trilha pelo caminho para desfazer e eliminar o preconceito, o negro ultrapassando a posição de objeto, se tornando em sujeito do conhecimento.
O espaço privilegiado é certamente a escola, para a harmonia destes conhecimentos étnicos e culturais onde a religião faz parte deste percurso, está relacionada a um povo e sua história, a escola um espaço democrático deve ligar o mundo ao espaço que o cerca. É correto e necessário a posição do governo de dividir com a escola, a responsabilidade de inserir a população negra no projeto da nação.
Paulo Freire trouxe uma proposta que é bem vigente hoje em sala de aula, a “Pedagogia do Oprimido”, “Conscientização”, “Educação como prática de liberdade etc.
“ A pedagogia do oprimido: tem de ser forjada com ele, e não para ele, enquanto pessoa ou povo, na luta incessante de recuperação de sua humanidade”.
Paulo Freire.

Daí a preparação de aptos professores a abordar o assunto, não ficar baseado e preso somente no contexto escravidão, mostrar aos alunos negros ou não negros que a história da África como parte da história da humanidade, seu berço, com isso os mestres estão colaborando para eliminar o preconceito e a discriminação.
Valorizar as crianças negras é por demais importante, escuta-se dizer que os próprios negros se discriminam descriminam sua cor, sua raça, os negros seja criança ou não, infelizmente a maioria negra está inserida em um contexto de violência e discriminação, cria-se no ser um profundo sentimento de desvalorização, não nasce na família somente, mas na força dos meios de comunicação que não apresentam um espaço plural, igualitário.
A presença da cultura negra e o cálculo de sua população ser de 45% no Brasil (IBGE censo[48]) não tem sido suficientes para eliminar ideologias, desigualdades e estereótipos racistas. Se entende como raça uma construção social forjada em tensas relações de brancos e negros, passada muitas vezes como boa relação, harmoniosa, a raça é como uma seta identificadora da cor da pele, cabelo, cultura etc. o termo raça fora ressignificado pelo movimento negro que aponta certamente a um sentido político e de valorização da história deixada pelos africanos e sua imensa participação na construção do Brasil. O termo raça, fica para trás, etnia sim étnico racial, que representa a raiz plantada na ancestralidade africana, que a difere sim em visão de mundo valores e princípios, como em qualquer outro grupo étnico.
De maneira mais tensa e cada vez mais mascarada, vive no Brasil a cultura e o padrão estético negro e africano e um padrão estético cultural branco europeu, para entendermos melhor com simples e definido apontamento algo bem corriqueiro mas que está embutido nas mentes desta geração exemplo á Xuxa chamada de rainha dos baixinhos, é loira, alta e magra de olhos azuis, onde está a rainha dos baixinhos negra ? em uma população que o censo do IBGE se mostra 45% é negra, isso porque muitos no censo não se consideram negros e certamente ultrapassa este número, mas voltando ao exemplo onde está um protagonista negro e respeitado, ou até mesmo com boa classe social nas novelas do Brasil, em uma recente de nome “Cobras e Lagartos” o ator Lázaro Ramos interpretava um personagem de nome “Daniel, mais conhecido como Foguinho”, não era protagonista era um charlatão, mentiroso e ladrão que passa todo o percurso da história fingindo ser uma pessoa que não era para receber uma herança milionária, fora um estereotipo sujo e vulgar, sua mulher interpretada pela bela atriz Taís Araújo também se correlacionava com ele em um mal caráter espantoso, isso mostra o que em relação a imagem do negro ? No novo teatro televisivo chamado “Paraíso Tropical” a atriz Camila Pitanga interpreta uma baiana que se prostitui, chegando ao Rio de Janeiro no bairro de Copacabana, não por ser prostituta, mas pelo extremo mal comportamento pessoal que tem se tornando uma das vilãs da novela, por que não este papel para Ana Paula Arósio, ou para Débora Seco, certamente seriam excelentes, mas são brancas e sempre as mocinhas, se vilãs finas, ricas e astuciosas. A mulher considerada uma beldade de beleza é loira e vive em uma carreira internacional invejável as modelos, refiro-me a Gisele B., onde está a beleza negra a mulher negra. No programa global Big Brother Brasil 7, o casal do ano que assinaram contratos com a rede televisiva são loiros e bem loiros, o único negro Aírton, que havia sido eliminado de cara e retornou por um novo sorteio, era visto como um vilão e mau caráter forjou a prova que dava a liderança da semana, e fora desmascarado em plena rede para todo o Brasil, no final e no paredão veio pedir ajuda a comunidade negra, que com certeza não o atendeu pois saíra como o maior índice de rejeição do programa, superando o vilão de número um que era branco.
Por mais que intelectuais, digam que esses exemplos são bobos e de que nada valem, estão enganados, e precisam cair na realidade, saindo dos pedestais de suas posições, o povão vive isso, o Brasil vive essa realidade, novela, Bi Brote Brasil, artistas, ídolos, a grande maioria está centrada nestes fatos, e nossos alunos de sala de aula também, professores me relatam de alunos que não observam e nem lêem os jornais mais assiste esses programas acima relacionado e vivem isso no seu dia a dia.
Combater o racismo e por fim as desigualdades sociais e raciais e empreender reeducação das relações étnico-raciais não são tarefas só da escola, tudo isso não nasce na escola estas formas de discriminação, a escola sim oferecerá um espaço democrático, um caminho preponderante na eliminação das discriminações, acesso ao conhecimento, aos diversos registros culturais, à conquista da racionalidade, regendo as relações raciais e sociais, e dos avançados conhecimentos para a consolidação e o acerto das nações como espaços democráticos e igualitários.
Tudo isso necessita de trabalho, de muito trabalho a ser realizado, mas fica a questão e as religiões afro-brasileiras, como introduzir as religiões na educação.
Tudo o que mencionamos acima é a resposta, o respeito e o trabalho intensivo das relações étnico-raciais, não pode haver improviso desfazer urgentemente a mentalidade discriminadora secular do etnocentrismo europeu que até hoje nos engole.
Teremos de criar novas pedagogias de combate intenso ao racismo[49] e a discriminação seja ela qual for, ser negro não é se limitar as características físicas, o Brasil, país multiétnico e pluricultural precisa de organizações escolares em que todos se vejam incluídos, sem serem obrigados a negar a si mesmos e aos grupos étnicos-raciais a que pertencem, negar sua história, sua religião, sua cor.
No ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africana tem o professor de evitar de qualquer forma de distorções, envolverá articulação entre passado, presente e futuro no âmbito de experiências, ao se dirigir sobre os orixás africanos, podemos fazer uma rápida comparação com outros povos e suas semelhanças:
Oxum – Afrodite – Issis (deusa africana do Egito antigo) etc.
Buscamos com isso a semelhança de crenças, com rituais e culturas diferentes mas parecidos, há hoje uma rica literatura sobre o assunto, mas que deve ser bem analisada, o autor é muito importante, quem escreve.
Na música encontraremos muitas formas de se trabalhar o panteão africano, desde enredos de escolas de samba à Caetano Veloso, trabalhar música é formidável, sempre dando bons resultados.

“ Se vocês querem saber quem eu sou!
Eu sou a tal mineira,
Filha de Angola de Keto e Nagô,
Não sou de brincadeira,
Canto pelos sete cantos, porque sou guerreira
Dentro do samba nasci
Me criei me converti
E ninguém vai tocar, na minha bandeira... eu canto
Pela noite inteira
Até amanhã de manhã
Sou a mineira guerreira,
Filha de Ogun com Iançã
Eparrei!.”
Clara Nunes.

Está música da falecida e eterna cantora Clara Nunes, mostra a perseverança a honra e a força de ser afro-brasileira de cultuar seus orixás e de impor respeito, de assumir com honra que pertence a nação de Candomblé, Clara deixa um legado musical como outros cantores que podem ser trabalhados em aula.
A literatura é outro caminho temos excelentes trabalhos, como “Tendas dos Milagres” do autor Jorge Amado, que também nos deixou um legado de personagens muito semelhante aos orixás.
No meio ambiente hoje tão comentado, podemos trabalhar com o panteão africano suas lendas e mitos, a mata, o ar, o sol, a lua, as águas, o tempo etc. repito a religião afro-brasileira é a mais ecológica de todas as religiões.
Temos de valorizar os personagens negros de nossa história e de nosso tempo, não observamos isso em sala de aula, me lembro de Ter um aluno que não queria ser negro, tinha vergonha, pois só escutava do antigo professor os grandes personagens branco, está ai o que muitos sentem o desafio e trabalhar também com sentido de igualdade os grandes homens negros do nosso país e de outros como Dandara, Aleijadinho Antôno Francisco Lisboa, Nelson Mandela, Lélia Gonzales, Cuti Luiz Silva, Luiz Gonzaga Pinto da Gama, Solano Trindade, André Rebouças, José Correia Leite, Martin Luther King, Rainha Nzinga Mbandi, Alzira Rufino, Abdias do Nascimento, Malcon X, Luiza Mahin, Mãe menininha , Mestre Didi Alapini Pixinguinha a Milton Nascimento, de Cartola a Carlinhos Brown, de Pelé a Dida, de Teodoro Sampaio a Milton Santos conhecido como um dos maiores geógrafos do mundo, de Milton Gonçalves a Lázaro Ramos, e tantos outros que daria muitas páginas, fora os que não são lembrados mas que fizeram muito para que haja a igualdade e o respeito como seres humanos que somos indiferente da etnia que nascemos.







CONCLUSÃO

No presente trabalho, onde observamos o preconceito arraigado, diversos ataques de outras religiões à religião afro-brasileira, muito aflorado ainda no Brasil, e que está ai para quem quiser ver. Na religião dos orixás não poderia ser diferente, o trabalho aqui redigido não chegou somente na expressão das salas de aula, do respeito as diferenças, mas na dificuldade em que os adeptos de culto tem para permanecer viva e fortalecida sua crença, nascida das senzalas do Brasil, incorporadas a junção de processos de outras culturas, sincretizando assim a junção do Candomblé do Brasil.
Os alunos brasileiros com a lei 10.639 de ensino obrigatório de História e cultura Afro-Brasileira e Africana (o que é um absurdo ser obrigatória, deveria fazer parte nos currículos a bastante tempo) também deve conhecer o panteão africano, dispensando preconceitos religiosos, como de diretoras e professoras evangélicas que querem pular este tema e maquia a história da África de outra forma, se me falarem que estou generalizando ao falar professoras evangélicas, nunca conheci uma que relaciona-se bem, sem preconceitos ou tabus a história dos orixás, proibindo até de se promover a tão escassa festa folclórica que havia nos colégios, proíbe Monteiro Lobato, saci, sereia, ou personagens de Jorge Amado, pois são demônios na pobre visão da ignorância.
Da literatura a arte, das superstições a fé as religiões afro-brasileiras estão inseridas no nosso dia a dia, nas festas de fim de ano, nas lavagens das escadarias do Bonfim, na ginga e no canto e na dança do brasileiro, no malandro, na baiana, na culinária, não adianta querer ser branco, europeu, somos uma mescla, que nos faz assim diferentes na alegria, fortes na luta, e resistentes na dor, na dor da escravidão, das saudades da África mãe, nas lutas para pós abolição até hoje:
“O problema é que a abolição da escravatura, embora tenha sido fato notável na história da formação brasileira, foi muito incompleta”.
Gilberto Freyre

Com a abolição começariam os problemas do negro, quem se interessou por isso? O negro abandonado torna-se, constitui-se num sub-brasileiro, e é isso que lutamos para desfazer, temos de vencer o preconceito e a desigualdade que é abordado em todo este trabalho, infelizmente somos um país de muitas diferenças, antes do preconceito da cor está o da pobreza, parece ter o homem esquecido dos valores, o “Ter” parece melhor que o “ Ser”.
Devemos plantar, pois nosso solo é fértil uma nova forma de percepção do civilizatório afro-brasileiro, este trabalho de forma alguma impõe religião aos outros, mas sim o respeito e a mostra dos orixás como panteão afro-brasileiro, que merece respeito e orgulho. Ações e iniciativas de leis para ensino religioso parece não funcionar plenamente, mas como conhecemos, os deuses gregos, romanos etc. porque não conhecer os africanos ? É isto que este trabalho se propôs, e quando o fizer com respeito, sem tabus, despidos do preconceito, que faz doer, sangra e mata.

Muito Axé para todos !








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[1] Milagres do Povo, Caetano Veloso.

[2] Sincretismo: forma de cultuar o Deus, o orixá, o espírito, sob representação de outra crença de outra religião de um outro santo, no Brasil os escravos por serem proibidos de cultuarem seus orixás, irão reverencia-los através das imagens de santos católicos do qual a proteção se assemelhava como Santa Barbara era a Santa dos ventos das tempestades se assemelhando a força da natureza do orixá Iançã, o sincretismo é um sistema que consiste em conciliar os princípios de várias doutrinas.
[3] Animismo: crença que nós, os objetos, a natureza as coisas que nela se encontram são habitadas por seres invisíveis, força de energia vital, teoria segundo a qual a alma é o princípio ou causa de todos os fenômenos vitais normais ou patológicos.

[4] As várias referências à criação que há milhões de anos aborda e fascina as mentes humanas, cada cultura encontrou sua forma de entender este grande mistério, em grande parte a força feminina se destaca como a fonte e a forma de vida de nosso planeta. A Lua associada ao elemento feminino, ciclo da lua, os ritmos da feminilidade.

[5] Cit.Priore, Mary Del. Ancestrais: Uma Introdução da África Atlântica. Rio de Janeiro: Elsevier, Ed. Campus, 2004, p. 12 e 14.

[6] Populações de regiões do atual Congo, Angola e Moçambique.

[7] Populações da África Ocidental, Nigéria, Benin, ex-Daomé e Togo. (são Yorubás ou Nagôs – dividindo-se em ijexá, egbá. (Gejes – eué ou fon e os fante-axantes) entre os Sudaneses chegaram algumas nações islamizadas – hauçás e mandinga.
Cit. Schwarcz, Lilia Moritz. Pág.198.

[8] O Candomblé é uma religião ecológica.

[9] A revolta dos Males,
Na religião muçulmana não encontraremos hierarquia, o que observaremos fortemente nas religiões afro-brasileiras onde a hierarquia tem fator importante em sua constituição.

[10] Destinos dos africanos enviados para o novo mundo, séculos XVI-XIX
Brasil _______________________ 4.000.000
Colônias espanholas____________ 2.500.000
Colônias britânicas_____________ 2.000.000 (excluídos os Estados Unidos)
Colônias francesas______________1.600.000
Estados Unidos_________________ 500.000
Colônias holandesas_____________ 500.000
Colônias dinamarquesas__________ 28.000
Total__________11.128.000
Fonte: Thomas, Hugh. The slave trade: the story of the atlantic slave trade: 1440-1870. Nova York: Simon & Schuster, 1997, p. 804.

[11] Yorùbá grupo lingüistico de vários milhões de indivíduos, unidos por uma mesma cultura e tradição de sua origem. Yorùbá e suas cinco regiões: Oyó, Egbwa, Ibarupa, Ijebu e Ijexá.

[12] Construir Notícias; nº28 ano 5 maio/junho 2006 PE Recife; pág. 36. Entrevista: “Sem a África o Brasil não existiria”.
[13] Verger, Pierre Fatumbi. Lendas Africanas dos Orixás: Tradução Maria Aparecida de Nobrega; Ed. Corrupio.2006

[14] O termo jejé-nagô passou a ter esta denominação para união de suas características étnicas e culturais, como nova criação para os seus rituais religiosos, no Brasil, se fortaleceu na Bahia e em menor proporção nos estados de Pernambuco e Maranhão.

[15] Revista História dos Orixás; ano 1; pág. 5, ed. Escala, 1998.

[16] Dicionário de Cultos Afro-Brasileiros de Olga Gudoll e Cacciatore.

[17] Revista Planeta Cultos afro-brasileiros”Os Orixás’; n°1 Editora Três: 1986.
[18] Alma humana, liberta do corpo físico, Egun alma desencarnada.

[19] É muito importante frisar o termo família como já fora acima mencionada, pois as religiões afro-brasileiras tem base profundamente familiar, infelizmente hoje deturpada por alguns que realmente desconhecem sua origem e passam a imagem até de ser uma religião que não é a favor da constituição familiar, em vários programas evangélicos a religião de Candomblé e Umbanda são atacadas como destruidoras da família, o pré conceito, e outros interesses que tentam manchar a imagem e a cultura de um povo, deve-se ao menos o respeito.

[20] Verger, Pierre Fatumbi. Orixás Deuses Yorubás na África e no Novo Mundo. São Paulo: Ed. Corrupio ltda, 1981.
[21] Tierno Bokar Salif, falecido em 1940, passou toda vida em Bandiagara (Mali) Grande mestre da ordem muçulmana de Tijaniyya, foi igualmente tradicionalista em assuntos africanos.

[22] O candomblé, o samba a capoeira, símbolos étnicos originalmente negros, são atualmente admitidos dentro e fora do país com sua marca registrada, fruto de resistência e luta pela de um reconhecimento cultural, adquirido pela luta de escravos em seus quatro séculos de cativeiro.

[23] “ No lugar que tem malandro
Vagabundo não encosta
No lugar que tem sabido
Eu não vou fazer aposta
No lugar que tem piranha
Jacaré nada de costa.”
(Cantiga de Capoeira, anônimo)
Luta, jogo e dança faz a capoeira até hoje ser uma forma de provocar admiração e temor por parte da sociedade brasileira.
[24] O termo correto é zelador de Orixá, aquele que zela e cuida do santo, o termo popular e carinhoso de Pai de Santo, não é correto por não ser o zelador, o babalaô o pai das divindades, como ser humano normal na condição de zelador, de guardião do santo e sua casa e seus iniciados, babalaô ou zelador é o termo correto.
[25] Professor René Ribeiro da Universidade Federal de Pernanbuco dados IBGE. www.afrobrasileirouniaoumbandista.htm.

[26] Revista Chico Xavier. Coleção Profecia n°4, pág. 09. Ediouro; 1996.
Francisco Candido Xavier, ou simplesmente Chico Xavier, médium brasileiro da cidade de Uberaba, Minas Gerais, foi e continua sendo a maior referência do espiritismo Kardecista no Brasil e no mundo.
[27] Cysneiros, Israel, Fundamentos de Umbanda Revelações Religiosa. Rio de Janeiro, Edição própria- Esgotado, 1978.
[28] Benedito é um tipo de cântico religioso usado para agradecer e louvar Deus, Nossa Senhora e os santos, com rezas e procissões, os moradores de Santa Rosa possuem muitos destes cantos, o bendito e uma reza cantada típico das rezadeiras.

[29] Revista Planeta “Candomblé e Umbanda” edição especial: pág. 08, ed. Três, 2004.
[30] Revista de História da Biblioteca Nacional. Ano 2: n°14 pág ; 8 e 9. novembro 2006.

[31] Revista Construir Notícias; n°28 ano 05 maio/junho, p. 52 e 53: Recife 2006.
Roberto Emerson Câmara Benjamin. A África está em nós: história e cultura afro-brasileira. Religiões
afro-brasileiras. João Pessoa, PB. Editora Grafset, 2004. P. 29-33.

[32] Aristicth, Jordana. “ Ciganos a verdade sobre nossas tradições, otcha tchimos doredo romano “. Rio de Janeiro, Irradiação Cultural, 1995.

[33] Gevegir, Rodrigo. Ciganos Mistérios, Encantos, Magias. Rio de Janeiro, Empresa Jornalística Ed. JORNAERJ- MEC: 1997.

[34] Romanês: Língua dialeto pertencente aos ciganos, não há livros ou nada escrito, é ágrafa, passada de geração á geração por tradição oral, língua incompreensível aos não ciganos.

[35] Música: Uma História de Ifá. Virgínia Rodrigues; música de Yttamar Tropicália e Rey Zulu. Álbum Nós.
Excelente álbum para se trabalhar em sala de aula.
[36] Cit Verger, Orixás; pág. 191.
[37] Apesar deste mito ser bem difundido no Brasil, Pierre Verger, diz não tê-lo encontrado em nenhuma parte da mãe África.
Verger, Pierre. Dieux d’Áfrique, Paris, Paul Hartmann, 1954.
[38] Próximo de Ilé-Ifé, na Nigéria.
[39] No Candomblé Exu é um orixá, o que se difere de outros espíritos que prestão serviço nesta linha do qual consideram eguns, mas na Umbanda Exu é um agente mágico, espíritos desencarnados em trabalho de evolução espiritual como exemplo Maria Padilha, Rainha das sete encruzilhadas, Seu Tranca Ruas das Almas, Sr. Zé Pilintra etc.
[40] Verger, pág. 76.
[41] Revista Atrium, ano 1, nº8; pág. 10 Ed. Carlos Magno. Artigo Rodrigo Gevegir; Rio de Janeiro dezembro 1997.
[42] Cit. Verger. Os Orixás, pág. 214.
[43] Trecho da Constituição Brasileira.
[44] Yalorixá, mãe de santo, aquela que zela pelos orixás, as Yalorixás na Bahia na cidade de cachoeira integram a irmandade da Boa Morte, e promovem a procissão do enterro de Nossa Senhora.
[45] Há um grande preconceito de que a maioria dos pais de santo são homossexuais, até a mídia televisiva mostra isso, era o caso do personagem de Chico Anísio, ”o painho”, o pai de santo dos artistas, baiano e homossexual assumido. Infelizmente algumas pessoas pensam assim.
[46] Patrimônio – Revista Eletrônica do IPHAN. www.revistaeletronicaiphan.htm.
[47] Macumba, termo que identifica Quimbanda, forma discriminatória, uma dissidência da Umbanda, no passado, referia-se a embusteiro, aquele que engana seus clientes que buscam fé, daí macumbeiro.
[48] Ver. Construir Notícias. N° 28, ano 5; pág. 7 maio/junho 2006 Recife PE.
[49] A Constituição de 1988 considera a prática do racismo, “crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão”.

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